Sou um evadido.
Logo que nasci
Fecharam-me em mim,
Ah, mas eu fugi.
Se a gente se cansa
Do mesmo lugar,
Do mesmo ser
Por que não se cansar?
Minha alma procura-me
Mas eu ando a monte,
Oxalá que ela
Nunca me encontre.
Ser um é cadeia,
Ser eu é não ser.
Viverei fugindo
Mas vivo a valer.
Com a metáfora “Sou um evadido”, o poeta caracteriza a sua realidade fragmentada, utilizando diversas palavras e expressões do campo semântico como evasão da prisão na qual se encontra. O poeta considera-se um evadido que sempre fugiu e fugirá da prisão que é o seu ser
O tom irónico com que o sujeito poético afirma “Ah! mas eu fugi.” ou “Oxalá que ela/Nunca me encontre.” mostra que está no limite, sem soluções.
Além disso, afirma “Ser um é
cadeia,/Ser eu não é ser./Viverei fugindo/Mas vivo a valer.”, ou seja,
rejeita ser único. A fuga de si mesmo apresenta um carácter permanente, de
continuidade, acontece no passado (“eu fugi”), no presente (“Sou um
evadido”), ou
ainda intenção de futuro (“viverei fugindo”).
O sujeito poético caracteriza a sua realidade pessoal (estrofes 1, 3 e final da 4) através de uma reflexão geral, filosófica (estrofe 2 e início da 4). Utiliza esses momentos de reflexão como argumentos da sua opção de fuga aos limites do eu, demonstrando a naturalidade do cansaço de ser impartível, afirmando “Ser um é cadeia” e que apenas conseguirá viver plenamente se fugir de si mesmo.
O sujeito poético caracteriza a sua realidade pessoal (estrofes 1, 3 e final da 4) através de uma reflexão geral, filosófica (estrofe 2 e início da 4). Utiliza esses momentos de reflexão como argumentos da sua opção de fuga aos limites do eu, demonstrando a naturalidade do cansaço de ser impartível, afirmando “Ser um é cadeia” e que apenas conseguirá viver plenamente se fugir de si mesmo.
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